11 de maio de 2007

Carta


Estimada partidária L.:

É por sua arrebatada alienação mental que estou aqui a te escrever. Saiba que esses acontecimentos só se dão com pessoas cheias de verocidade, rectição e erudição. Não é em vão que seus pensamentos borbulham e derramam. É pelo mundo que tudo isso se dá.
Suas miscelâneas acabam por derramar em mim, e inevitavelmente acabo por quinhoar seus segredos inconscientes. Isso sim é benevolência!
Já me deram por tresvairada também. E quão duro foi o tempo que passei internada!Quanta incompreensão girava em torno de mim! Quantas amarras e quantas agulhas de sono! Você não há de passar por nada disso minha querida. Eu não vou permitir! Pois vejo perfeitamente bem o que nos convém.
Seus gritos, seus gestos e suas palavras atordoadas são tão gloriosos que emanam brilho intenso pelo caos. Assim como meu silêncio e meu sangue espalham coerência nessa vasta estupidez mundana.
Diariamente ouvimos clamores de insanidade alheia e também rogosas preces de ingratidão. Rostos queimam de fúria pela penúria de satisfação e a malevolência se faz plangente. Estão todos anestesiados L.! Precisamos inseri-los nesse enredo de angústia real! Faça-me prosseguir contigo! Vamos juntas correr contra moinhos de culpa! Isso sim é benevolência!