12 de maio de 2007

Sssshhh


Se foi um longo tempo...

Sobre minha infância, não há precisão de fatos. Tudo foi se dando de acordo com um tempo lacónico e voraz. Sempre me senti engolida, incompreendida,frágil,estranha e um pouco incapaz de existir. Tanta estroinice e leviandade reinavam em meu caráter ainda pré constituido! A gravidade inerente aos corpos era tão notória! Os meus semelhantes sempre tão inexactos! As delícias tão íngremes e tênues!

Um tempo de cores e labores encantados me dá nesse presente pontual uma lembrança em especial:

Foi quando meu corpo frágil e ainda assim destemido se abriu para a experiência do alheio mais querido e familiar. Não existia receio nem condolência. O ato se fazia moral diante todo o amor que povoava o incesto. A incorporiedade dos seres fazia parte do princípio da vida inflagelada. Volúpia só se dava por essência, não se tratava de um mero prazer carnal! Era coisa linda de viver!

Naquela primavera, onde eu nem estava florida, um gaiato de cabelos gris penetrou não só meu corpo, mas toda minha existência. Choveu imensidão! Marcou meu coração!E no mais tardar o gaiato se foi...

Os ricos detalhes se desgastaram no meu ponteiro. Essa recordação se encontra distante por favor dos meus malditos lapsos de memória! Como pode tanta opulência quase se perder?Agora é uma quase lembrança.E sempre há de ser!

Se faz nostalgia.