24 de março de 2009

Verde.


Debruçada sobre o mistério impenetrável da noite, vejo que fundastes em mim a menina que medra o poderoso Cronos.

Me coloco num isolamento absoluto, onde brota angústia e desejo.

Calor frio que a lua cheia me traz quando distraída me pego a pensar nos teus olhos inertes, incansavelmente verdes, despidamente belos e provocantes.

Entrando contigo num reino de juventude intensa-da mesma cor dos teus olhos-minha alma se parte em estilhaços.

Pedaços de mim rumam teu destino, e bem digo que pouco me importa a lucidez das horas, das palavras e das brisas noturnas. "Que se dane o senso comum!"

Não quero saber do seu próximo destino -senhor caminhante!- Vá pra longe!Vá sem fim, porém me leve sempre na tua lembrança.

Os estilhaços...depositei-os em tantas ruas da cidade...Em tantas artes!Já nem sei o que restou em mim, já que costurando o incansável norte me perco em imagens febris.

Cinema de cores esverdeadas!(Onde caberá tanto verde?)

Sou sua moça.O que quiseres do meu espírito alucinado será lei.Servirei de alimento para teu pensar.

Vontade de despir-te.Não só da pele.Quero arrancar com as minhas unhas coloridas teus instantes incompletos.

Caixa de fotografias. Seremos nós até o fim.-E existe o fim my lord?-Nossos afetos servirão de exemplo para a multidão.E a luz transbordará incansavelmente sobre as estações vigorosas.

Teus olhos chamam pra si todas as coisas do mundo.É o poço dos teus sentimentos.Galáxia do sono.-E eu que nunca o vi em movimento.- Seus olhos serão assim até sua morte.(Quero vc de olhos bem abertos no teu funeral).

Entre as falésias inexistentes, me despeço do metafísico e do corpóreo.Pra que o azul?O lilás?O rubro e o noir?

Verde que te quero verde. Eu desabei!

Lá vamos nós, exercitar a vida e o amor...