26 de março de 2010


Era uma vez uma promessa, uma vida, uma quimera. Um nascimento incomensurável de um ser que bem no fundo, queria resplandecer. Esse ser, era eu. Era uma vez "eu".

Engatinhando no tempo fui investigando venturas, fantasias, planos mirabolantes e familiares, que possibilitavam assim ter um vínculo direto com a própria vida e humanidade.

Lia livros, chorava com música, brincava de pegador e costurava vestidos das bonecas.
Amava e odiava a vida com a mesma intensidade.

Desabava ao ler as notícias nos jornais. Nunca entendia a intenção de tanta desordem e desgraça. Essa era a vida. Corações pulsando num íntimo frenesi. Ao mesmo tempo que eu ria, lamentava a desordem do mundo.

O que fazer?

Viver, viver, viver. Às vezes sonhar. Amar e se entregar a cada sentimento com a voracidade de um monstro em momento de fome insaciável. Surpresas e desavenças.

Com o passar do tempo percebi que meus questionamentos, não tinham resposta fixa. E até a minha própria personalidade, naufragava nos fundamentos confusos da existência.

O tempo passou. Cresci. Viver, viver, viver. Mesmo sem entender a vida... Mesmo a indagar a morte. De onde vim para onde vou? Decido ir para um cais que se localiza além dos temporais.

Atravessado o tempo mais um bucado, virei moça dos meus desvelos. A angústia plangente brota então, nos orifícios da pele. Ventura contrária. Fim temporário dos sonhos. BREU.

Meu sonho sempre foi viver... Mesmo ao me agarrar numa idéia de morte simbólica, desejava no meu íntimo desenhos de uma leveza concebida.

De olhos fechados, caí num buraco quase sem fundo.

Mergulhei no meu próprio sangue e abri feridas por todo corpo. Era um castigo compassivo que me inseria num fenecer lento. Morrer, morrer, morrer.

Aos poucos, vi mãos brotarem da terra. Era minha salvação pulsante. Essas tantas mãos, me trouxeram o consolo de que tudo ia passar, florescer, raiar. Um novo tempo com esperanças para de fato viver viver viver...

Eis então esse novo maravilhoso tempo! Onde de mãos dadas com meus queridos e familiares fantasio uma ciranda de otimismo e júbilo!

Renascer, renascer e ser!!!

P.S. Dedicado as minhas tias Tiana e Geralda.