13 de abril de 2009

Vertigem voluptuosa.


  
Quisera segredar o cálido que me entorpece. Nesse outono de presentes, um Melro com asas virulentas, me alerta sobre os instantes e o anti-horário das razões. A poeira que há em mim se exalta, toma forma e cria cor, transcende canção.
  Os ponteiros brincam e as horas voam. O velho relógio que estava na parede, por força imensa, parou de labutar. O menor espaço apreciável de tempo; o momento, agora é nosso!Agora é mar...Pedra a lapidar.
  Quisera aprisionar o amor com fivela. Mas o amor goza liberdade,é independente,não tem peias,é todo solto, salvo, isento,licensioso, descomedido, NÂO LITERAL. Não obstante, o amor une as coisas e as mantém. E é bem assim que ensejo meu Melro, próximo a mim e com as suas ligeirezas abraçando o mundo. (Bem sei o quanto deseja o mundo!)
  Esse pássaro, meu seguidor, me ofereceu adornos. Eu os desprezei. Prefiro a virulência das suas asas, o gosto do seu silêncio, a sua suposta indiferença, seu companheirismo ausente, seus axiomas... O estimo como ele é, mas sempre anseio a demasia.
  Aqui no meu íntimo: murmúrios trancados, excitação pulsante, orgasmos enferrujados, mistérios-objectos-presentes-sem-fim!!!!! Preparo sonhos líricos em cidades submersas onde meus olhos dormirão soterrados. Apresto minhas mãos para carícias rústicas. O roteiro é nosso!!! 
  O satélite da terra presenciou toda cumplicidade. Naquela ocasião que palavras rolavam, gestos se contrapunham, olhares se perdiam e balas se acabavam, a lua ameaçava cair. Eu não temi. O imprevisível é brinde pra alma! Gostei das suas "asas azuis" e da trilha sonora Amélie Poulain". Sim, foi memorável. Simples,adequado.
  No outro dia (que parecia apartado) eu estava gasta, vaga. Mas quando senti os toques sorrirem na minha perna, eu desabei pro infinito. Acordei para o deleite! Conjecturei a próxima cena. Prezar prazer.
  Eu como princesa desalento, recorto gravuras no meu castelo, colo rabiscos na parede, preparo sua gaiola, sua comidinha, meu colo, a caixa de música, o homem elefante e a dança no escuro. Podemos filmar a película da cena anterior também. Sim, isso é um convite!Arrisca?Petisca!
  Agora, o vento é lâmina no meu vestido. Fujo da obscuridade e do labirinto. Ensaio a leveza! Fotografo a lividez das minhas trevas pertinentes. Me transformo. Não estou mais só. É um presságio distinto. 
  Agora...Outro sono (outra insônia).
  Anti-elegia voante.