18 de dezembro de 2009


06/11/09

Sim! Eu tenho asas!
Elas, minhas asas virulentas alcançam tão alto, tão longe, tão velozes que ser nenhum enxerga a amplidão do meu vôo descontínuo e fragmentado.
Estou longe de ser anjo, de ser flor de inocência...Tenho asas que representam apenas um suplício de um sonho de liberdade desgarrado, sutil e azul.
Essa tal liberdade é sem fim e incansável.Talvez a conquiste quando me libertar das amarras dos traumas. (Não é fácil, bem sei...)
Nessa exata fase da minha vida, estou me despindo, me enterrando, arrancando pena por pena, e por mais que tudo isso seja doloroso sinto que " OMUNDO QUER-ME MAL PORQUE NINGUÉM TEM ASAS COMO EU TENHO"
Farei um diário com minhas penas.Escreverei um drama de pluma e sangue.
Quero arrancar também as minhas idéias de sonhos inexatos, pois com eles meu mundo não roda, e por ele não rodar, me sinto estagnada dentro de uma bolha de sabão. Se a bolha explodir, puff, eu caio.Nessa queda de fundos, minhas asas quebrarão de vez. Elas se transformarão em bronze e meu corpo irá se decompondo assim... Paulatinamente... Grato por descansar...
Paulatinamente, assim... A própria terra engolirá minhas pétalas de lágrimas e minhas asas de bronze. Minha alma vai emergir ao ápice dos ápices, onde o nada governará deliberadamente.
Serei deveras feliz então.
Organizo as horas... Rasgo os retratos das pessoas mais queridas. Engulo friamente uma lâmina que corta diretamente todos meus males internos.Logo em seguida, engulo agulha e linhapara costurar e recompor as feridas que eu mesma provoquei.
Já agora, dentro de um caixão (colorido), me sinto poetizada, costurada, amparada.Livre para uma nova etapa da vida. Livre para o fim.
Só posso me livrar do obscuro sonho da morte, quando um sapo príncipe chamado Bené beijar minha face.
Os ponteiros das horas passam, passam, passam... Voam sem fim. Bené não chega. Me consolo e me domo dentro do caixão que é também minha redoma. Bené não vem.
Me entrego então às profundezas da terra louca de fome. Já não tenho mais asas.(Será então que o segredo para voar livre é não ter asas?)
Mais uma vez...Contra os moinhos do vento.
Engolida pelo desamparo do tempo. Caixão aberto.
Os lobos, tragam todas aquelas lágrimas que nunca vão deixar de ser, nunca vão parar de escorrer.
Sem asas... Com lágrimas...
Triste fim de D. M. Quaresma.