20 de dezembro de 2009


07/11/09

Dentro de um segredo, guardo um medo.Uma insegurança plangente de nunca mais voltar ao jardim da minha casa antiga.
No jardim: pássaros, borboletas que voavam livres nas suas cores, joaninhas... um pé de amora onde eu ficava horas a fio meditando acerca da vida e lendo meus livros de gente grande... Neruda, Nelson Rodrigoues,Platão... (aiai)
Quando a noite caía, deitava no chão fresco do jardim e esperava com uma ansiedade cruel o momento em que um OVNI viesse me abduzir...
Sempre quis voar...Tinha o sonho e trabalhar na NASA, ser ufóloga, trapezista, aeromoça...Tudo que me "tirasse" o chão (realidade) me atraia com impetuosidade. Sempre quis voar... Continuamente, até ver a lua de perto. Morde-la e sentir seu sabor de fromage blanc, morde-la como queijo: gozar, e apagar... (Mas convenhamos, se eu deveras mordesse um pedaço da lua, teria parte da lua dentro de mim...Seria lua também.) Meus sonhos (que desconheço) emergiriam numa amplitude real.INEXORÁVEL!
De fato preciso voltar a sonhar.Sonhar ainda que os sonhos sejam sonhos cobertos de surrealidade. Preciso dentro disso me entregar ao meu íntimo, ao meu coração de sensação. "Por quoi je ne rêve pas"
Dentro do meu medo, guardo um segredo. Colher infinitos sorrisos no vento, pintar o mundo de verde e vermelho, doar um milhão de afagos para o núcleo da terra... Presentear o mundo com lindos arrebiques...Plantar acalantos musicais nos corações aflitos...ME CURAR DO MAL QUE SOU ... ... (Talvez tudo isso seja sonho...)

Sonhar, não sonhar. Sonho ou não sonho?

SONHAR NO JARDIM!

Na realidade, sinto que existem sonhos até nas minhas vísceras. Mas não tenho um cata sonhos, (quero dizer, clareza de percepção), viajo na possibilidade de negar os sonhos. De fato, muita contradição. "Oui, je rève"
Quero voltar na minha casa antiga, "aquela do jardim das borboletas e do pé de amora) deitar pela última vez na grama fresca, visitar as larvas que habitam as rosas...E tanto mais!Uiui!Aiai!

Quero dar fim a minha própria voz que não para de se contradizer e confundir.
TÁ AÍ! Nesses laços e "entrelaços" acabo de descobrir um "SONHÃO" real. O sonho é descançar nua na doçura do infinito. (Descansar um bucado desse mundo.)

Ululando enquanto rasgo meus vestidos velhos, observo e contemplo a lua mansa que é cheia. Nesse momento me presenteio com a pouca luz da escuridão.

Quizera eu, morar num canto refúgio-lua-jardim de puro SONHO....Nem luz, nem escuridão.Nesse canto, viveria eu e eu. EU por toda eternidade.

Eu, no meu jardim de sonhos, com a lua a me iluminar vagamente.