24 de fevereiro de 2010


11/11/09


Sim! Ela estava em todos os lugares. Fenecendo dia após dia, sem brilho. Só estrela apagada.

Estaria nos ares, nos mares...Pegaria carona com cometas, conheceria a rosa do Pequeno Príncipe, não obstante, deixaria a terra.

Nos contos e gestos mais fortes do seu vazio, e também nos vaguinhos dos ceguinhos de vivacidade, um possível naufrágio de lágrimas aliviaria a retidão do mundo. De fato, uma apocalíptica transformação.

A menina estrela-alada descobriu um leve amor por asas engessadas, doentes, incapazes, e presentes em seu ser.

Todavia, não desistiria fácil de buscar a falecida leveza.

Mesmo com um bucado de esperança, ela se encolhia num canto escuro, em posição fetal, completamente absorta na sede de desvendar ainda vivências de instantes mais sublimes.

Era uma vez então, uma estrela que acabou sendo vítima de uma catástrofe natural. Uma catástrofe dissonante que estimulou o íntimo da simetria concreta.

Reconheceu em si toda desordem do seu mundo sem fundo!

A partir de então, a menina triste que só ela, desprotegida e com anseios, se recolheria nesse seu mundo excêntrico que ela própria desviava.

Sem alento, a menina estrela procuraria pó de ouro por todos cantos inórditos e frestas obstruídas, afim de se recompor e voltar a reluzir, enfim, voar por aí. (A esperança não deixou de ser.)

Se a lamúria estática dos desconsolos não chegar, ela promete que estará serena em qualquer espaço do seu próprio inconsciente. Lutando sem fim nem começo. Mesmo triste, mesmo machucada.

(Se suas asas forem imensamente grandes, não será possível a entrada em algum lugar-refúgio.)

Sim! Asas imensas!

Cortaria então suas próprias asas num gesto simbólico e doloroso de desapego. Sim, as asas eram tudo que ela mais gostava. Mas o que adianta ter asas virulentas, que só pesam sem o furor vívido do vôo inalcançado?

Me muero!

Assim sendo, ela aceitava permanecer com a podridão dos seus sonhos viajantes, buscando incansavelmente se aceitar nua e sem artifícios.

Embora desolada, a menina cultivava asas agora em seu íntimo, pois as dos seu corpo entraram instantâneamente em estado de decomposição. Um clarão seguido de renúncia.

O que ela mais queria era voltar ao passado colorido já vivido, onde ela dava voltas infinitas no céu da noite.

Ela clamava e chorava piedosamente pelo seu presente, e pelo seu futuro quebrado. Segura num estado de maior consolação. Aceitando de forma grata seus caminhos sugestivos de fuga eterna.